terça-feira, 19 de abril de 2011

Hora da transformação

Hoje em determinado momento do dia uma frase saiu da minha boca: "eu já sei o que eu quero". No momento que eu ouvi, eu percebi o quanto aquilo era bom de se dizer. Imediatamente mentalizei "espero poder dizer essa frase diariamente em várias ocasiões"... Como é ruim a indecisão... recebemos este grande presente chamado liberdade e agimos como a célebre frase de Sartre "estamos condenados a liberdade"... Que ingratidão!

A frase foi pronunciada no Habibs assim que entrei na loja porque eu já sabia que queria 3 esfihas de queijo (isso antes mesmo de olhar o cardápio).

E percebi o quanto minha alimentação me dava segurança... era simples, pouco diversificada e tinha a minha cara... na cebola que eu mandava tirar, na ausência de qualquer tipo de molho ou condimento, no sanduíche "feito especialmente para você que não vai gostar do jantar", na batata frita "da Paty, não pega... ela só come isso". A Paty vegan tá aí... não totalmente vegan, mas totalmente confiante de sua escolha... a alimentação é só pretexto, no fundo ela estava escolhendo crescer... amadurecer... largar a Paty, paty... minha paty... minha neném... minha filha querida... minha melhor amiga... minha cúmplice... minha doce e sensível paty. Mas ela vai continuar morando dentro de mim. E em cada sorriso e em cada olhar, vocês hão de reconhecê-la. A única diferença é que ela não vai mais usar este seu artifício para usá-los como escudo, para se esconder por trás de vocês, para que resolvam o que só ela pode resolver.

Este ano uma série de coisas aconteceram logo no início do ano. E uma mais forte foi a constatação que está na hora de crescer. Achei que era então hora de colocar meu plano em prática. E aí eu percebi o quanto "colocar meu plano em prática" era simplesmente pular etapas. Pular de cabeça! "I'm ready to jump!" Quanto orgulho tenho deste meu primeiro pulo. E me orgulho também de tudo que veio por meio dele, depois dele... Mas agora sou outra. Nunca o mesmo rio, nunca o mesmo ser humano. Aceitar isso é difícil. Estaria a EU de agora traindo a EU de ontem? Que conceito é esse de traição? O que significa ser fiel? Prometer não mudar? Se apegar, grudar e ficar... forever...

Hoje amanheci especialmente inspirada. Não sei o que aconteceu, mas estou aproveitando cada minuto deste dia. Espero dormir bem daqui a pouco e acordar aqui, onde estou agora. Bem aqui. Bem presente. E que o passado seja guardado numa gaveta perfumada para ser revisitado sempre que a saudade surgir... mas de agora em diante, que eu parta bem daqui.

Vem surgindo um novo tempo,
traz glórias do divino
mais puros e atentos
nos tornamos canais do infinito

Mãe divina eu quero ser
um filho realizado
e é perante o seu poder
que me entrego pra se libertado

Como um rio que corre para o mar
correntezas carregam o medo
confiança para atravessar
a fronteira do eu derradeiro

Não há desculpas para se escorar
já foi dito a hora é essa
o Tempo é de se integrar
abraçando o que ainda resta

Estou morrendo para o passado
e nem anseio pelo o futuro
minha coroa tem brilho dourado
provo o néctar do amor maduro.

(Chandra Lacombe)



Um brinde ao novo tempo! Um brinde ao amor e a todos que acompanham os passos desta minha transformação.

Em breve endereço de um novo blog.

À todas as pessoas que encontrei "por acaso"

Encontraria a Maga? Tantas vezes, bastara-me chegar, vindo pela rue de Seine, ao arco que dá para o “Quai de Conti”, e mal a luz cinza e esverdeada que flutua sobre o rio deixava-me entrever as formas, já sua delgada silhueta se inscrevia no “Pont des Arts”, por vezes andando de um lado para o outro da ponte, outras vezes imóvel, debruçada sobre o parapeito de ferro, olhando a água. E, então, era muito natural atravessar a rua, subir as escadas da ponte, dar mais alguns passos e aproximar-me da Maga, que sorria sempre, sem surpresa, convencida, como eu também o estava, de que um encontro casual era o menos casual em nossas vidas e de que as pessoas que marcam encontros exatos são as mesmas que precisam de papel com linhas para escrever ou aquelas que começam a apertar pela parte de baixo o tubo de pasta dentifrícia.

rayuela


Quando leio este trecho me lembro do quanto eu precisava (ou será que ainda preciso?) me sentir especial... diferente do resto da humanidade... parte de um pequeno e seleto grupo que enxerga o mundo de outra forma. Queria salvar a humanidade, mas no fundo não aguentaria viver num mundo em que eu me sentisse normal... igual aos outros... precisava desses outros menos incríveis...porque eu estava no grupo dos incríveis... de outros com uma percepção menos apurada, porque havia coisas que só eu podia ver... no máximo mais alguns... alguns que encontrei ao longo da vida... sem precisar marcar "encontro exato"... e que ao encontrá-los senti a mesma certeza de que o "encontro casual" não era tão casual assim...

domingo, 6 de março de 2011

Recuperando a luta...

Amelie tem se sentido em uma posição muito passiva diante do mundo. Sim, quer transformar o mundo pelo amor, mas isso não deixa de ser uma luta. Como conseguir qualquer tipo de revolução se continuar apenas aceitando? Tem lido muito sobre o poder da aceitação. Aceitar a situação, aceitar as fragilidades, aceitar que nosso poder pessoal é limitado por uma série de ordenações do mundo, das quais não temos a menor ideia de como funcionam, mas somos submetidos pelo simples fatos de estarmos aqui. Ela sabe que nossa liberdade de ação depende do outro, ninguém pode negar. E a aceitação deste fato pode fazer muito bem, dá um senso de realidade, nos traz de volta ao centro de nós mesmos para podermos encarar o mundo com mais maturidade. Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar que a aceitação se torne passividade. Aceitar não é simplesmente deixar de reagir. E para se lembrar disso, publica abaixo um texto que escreveu em 2009.

"Desde que nascemos ouvimos de todos os lados tantas visões de mundo distorcidas, tantas "verdades universais", tantas frases conformistas e desoladoras que até atingirmos uma idade suficiente para nos permitirmos pensar por nós mesmos, nossa mente já foi infectada por uma série de preconceitos, ideias retrógradas e uma forma de raciocinar tudo só pela superfície, julgar as coisas pela sua conformidade ou não ao sistema. Alguns conseguem de alguma forma escapar das camisas de força e percebem o complô a favor do atrofiamento de suas percepções únicas que por serem únicas são tão perigosas. Mas o complô é tão eficiente que ele não precisa de um chefe para a organização. Quem está por trás desta conspiração? Poderia ser você se não tivesse se dado conta. Foi você em diversos momentos e situações antes de se dar conta. São seus pais, seus chefes, seus amigos, seus professores, todos ao seu redor. O que fazer quando se descobre? Mandar todos à merda? É a reação mais imediata. Tentar mudar a cabeça deles? É o que acreditamos ser possível pelo simples fato de um dia termos mudado. Mas a luta não é fácil. Para cada um que pensa como nós exitem milhares repetindo é discurso dominante. Para eles é mais fácil fingir que acreditam no que repetem quando não conseguem o que o sistema coloca como "a fórmula da felicidade" e se posicionarem vítimas. Além disso, "eles" já desenvolveram uma forma de desacreditar nosso discurso. Tudo que dizemos não é nem ao menos levado em consideração. Nosso ponto de vista é descartado antes que sejamos ouvidos, pois o sistema já reservou para nós um lugar ao lado dos loucos. Nossa opinião vale tanto quanto a de uma pessoa insana."

Definitivamente Amelie deveria escrever para adolescentes...

[percebi que entre meus roteiros de ficção só tem um com temática adulta...]