segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Amelie está cansada

Cansada de esperar, de trabalhar, de acordar cedo, de dormir pouco
Amelie está com medo da velocidade com que o tempo passa
Está falando pouco, apática
Gostaria de ter certezas
Algo a que se agarrar
Está sentindo falta de sua força
Não consegue decidir
Não consegue pensar
Não consegue solucionar
Todos os quebra cabeças que tem mania de inventar estão ultrapassados
A vida se tornou um filme monótono
Sucessão de dias iguais
Sua grande luta diária é mais interna que externa
E tem medo de voltar a se fechar no seu mundo
Onde finge ter controle
Odeia sua vulnerabilidade aos estímulos externos
Odeia o fato das pessoas serem inconstantes
E de insistir em ligar sua própria felicidade a essas pessoas
Queria ser mais independente
Tem certeza de seu potencial
E tem certeza de estar sempre desperdiçando
Fazendo menos do que tem capacidade
Arriscando menos do que poderia
Se doando muito menos do que já fez antes
Amelie está se sentindo sozinha
Ninguém mais parece entender
Ninguém mais parece compartilhar seus planos
Mas nem mesmo ela sabe mais quais são esses planos
Uma vida significativa
E quem dá significado a essas vidas?
Começou a ler um livro que se chama A Construção Social da Realidade
Encontrou por acaso enquanto procurava algum para sua prima
Às vezes se impressiona como sua vida é cíclica
Leu e se impressionou com algo sobre isso no terceiro ano
Voltou a ler sobre a mesma temática quatro anos depois
E dia desses descobriu uma ligação entre os dois textos
Que agora se completam com esse outro
Por que essa sua obsessão com a realidade?
Ou melhor, com provar que a realidade é uma invenção
Sempre odiou a realidade
Sempre se refugiou em seu próprio mundinho
Nunca quis se enquadrar
Mas sempre quis provar que estava certa enquanto o resto do mundo do estava errrado
Criar novos mundos, sua grande ambição
Transformar o mundo das pessoas, sua maior frustração
Desistir de tudo um dia, seu maior medo
Amelie precisa de um tempo para colocar a cabeça no lugar
Amelie não consegue mais chorar


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