terça-feira, 19 de abril de 2011

À todas as pessoas que encontrei "por acaso"

Encontraria a Maga? Tantas vezes, bastara-me chegar, vindo pela rue de Seine, ao arco que dá para o “Quai de Conti”, e mal a luz cinza e esverdeada que flutua sobre o rio deixava-me entrever as formas, já sua delgada silhueta se inscrevia no “Pont des Arts”, por vezes andando de um lado para o outro da ponte, outras vezes imóvel, debruçada sobre o parapeito de ferro, olhando a água. E, então, era muito natural atravessar a rua, subir as escadas da ponte, dar mais alguns passos e aproximar-me da Maga, que sorria sempre, sem surpresa, convencida, como eu também o estava, de que um encontro casual era o menos casual em nossas vidas e de que as pessoas que marcam encontros exatos são as mesmas que precisam de papel com linhas para escrever ou aquelas que começam a apertar pela parte de baixo o tubo de pasta dentifrícia.

rayuela


Quando leio este trecho me lembro do quanto eu precisava (ou será que ainda preciso?) me sentir especial... diferente do resto da humanidade... parte de um pequeno e seleto grupo que enxerga o mundo de outra forma. Queria salvar a humanidade, mas no fundo não aguentaria viver num mundo em que eu me sentisse normal... igual aos outros... precisava desses outros menos incríveis...porque eu estava no grupo dos incríveis... de outros com uma percepção menos apurada, porque havia coisas que só eu podia ver... no máximo mais alguns... alguns que encontrei ao longo da vida... sem precisar marcar "encontro exato"... e que ao encontrá-los senti a mesma certeza de que o "encontro casual" não era tão casual assim...

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